Ana Carolina Seara
Há 100 anos, o Titanic naufragou,
foi o maior acidente da história da navegação envolvendo 1500 mortos. O filme
Titanic do diretor James Cameron, lançado em 1997, retratou o maior naufrágio
da história através do drama vivido pelos personagens: Rose e Jack. Um belo
filme contando uma comovente história baseada em fatos reais, na qual o
personagem principal poderia ter sido o iceberg,
que atravessou a vida de milhares de pessoas, alterando seus destinos para
sempre.
No ano do centenário do naufrágio
do Titanic, resolvo dar foco ao iceberg
que, a meu ver, foi o responsável pela mudança dos rumos da história de
milhares de vidas, não só daqueles que morreram na tragédia, mas dos sobreviventes
e também pelo impacto desse
acidente na vida dos familiares e amigos dos passageiros e tripulação e de todos
os envolvidos na construção, do até então, maior navio de passageiros do mundo.
Um iceberg no meio do caminho alterou os rumos da história. Em vista disso,
penso que deveríamos dar mais atenção aos icebergs
que encontramos pelo caminho. Icebergs
são blocos de gelo que se desprendem de geleiras em áreas polares do planeta.
São formados por água doce e o que pode ser avistado no mar normalmente se
refere somente à sua ponta (décima parte do seu tamanho).
Quem já não ouviu a expressão, “isso
é apenas a ponta do iceberg”? Essa
expressão diz respeito ao fato de que nem tudo pode ser visto, muitas coisas
ficam invisíveis, o que não quer dizer que não existam ou influenciem na parte
que aparece. Assim é nosso funcionamento psíquico, o que mostramos de nós
mesmos é apenas uma pequena parte do que somos. Aquilo que podemos dizer de nós
mesmos, que, na abordagem Gestáltica, é chamado de função personalidade, como
nome, profissão, vínculos familiares, o que conhecemos sobre a forma de nos
relacionarmos no mundo, etc. é só uma parte dessa estranha ou fantástica
configuração que somos nós.
Quando alguém faz terapia começa
a trazer para a superfície partes suas que até então desconhecia, ela amplia
seu conhecimento sobre si mesma e com isso aumenta suas possibilidades de
escolha. É certo que sempre teremos partes submersas, talvez uma vida seja
pouco para conhecer todas as nossas partes, mas isso faz parte do mistério da
vida e, na terapia, também se aprende a lidar com limites e a abrir mão do
excessivo controle, porque uma vida milimetricamente planejada nem sempre é uma
vida vivida.
É importante saber que, assim
como os icebergs, temos uma parte
visível e uma parte oculta, e que nossas escolhas são realizadas baseadas no
todo, afinal somos também aquilo que não sabemos sobre nós mesmos. Ter clareza
sobre isso nos dá uma certa autonomia e responsabilidade pelas escolhas que
fazemos.
Nem todos os acidentes de percurso
podem ser controlados, mas, ao termos noção do nosso “tamanho”, podemos
recorrer a desvios possíveis, escolher caminhos e nos responsabilizarmos pelo
rumo da nossa história.
É isso mesmo.
ResponderExcluirGostei muito do seu texto.
ResponderExcluirVivemos num mundo tão agitado e dinâmico que nem 10% conseguimos perceber e conhecer sobre nós mesmos, quanto mais nos outros. Com isso, todo cuidado é pouco, porque a qualquer momento podemos tropeçar em "pedras", pedaços, que caem de quando em quando, diminuindo cada vez mais essa porcentagem de conhecimento.
Abraços.
Obrigada Terezinha!
ExcluirAcho importante termos um pouco de noção sobre "quem" somos nós...talvez assim possamos desviar das pedras e recuperar nossos pedaços perdidos pelo caminho!
Abraços!
Parabéns, mais um belo texto. Voltei a escrever...se tiveres interesse ou curiosidade...
ResponderExcluirhttp://fredericodaluz.wordpress.com/
Frederico da Luz
Obrigada Frederico!
ExcluirPassei por lá...um belo texto!
Abraços!
Ana