segunda-feira, 6 de abril de 2015

Sobre os rumos da vida...



Ana Carolina Seara



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Muitas vezes a vida nos revela coisas pelos mais inusitados caminhos. Tem sido assim. E, se nos permitirmos aprender as lições, teremos aproveitado as oportunidades e possibilidades de encontrar um novo modo de encarar os problemas e dissolver os desafios.

Engraçado como podemos bater a cabeça tentando aprender algo e quando simplesmente “largamos de mão” a resposta surge, como se estivesse lá há tempos, apenas esperando o nosso tempo para poder percebê-la e senti-la.

Quando temos clareza do que queremos e dos nossos objetivos, podemos incorrer em um risco, o risco de tentarmos controlar os acontecimentos para que as coisas e os rumos da vida sigam nosso “planejamento”. Afinal esse planejamento é feito com base em uma ínfima parte dos fatos, a parte que contém nossa percepção dos fatos e da vida, mas nossa percepção não pode abrigar o todo maior, aquilo que não enxergamos e o que não podemos controlar: os outros e as circunstâncias. Nem mesmo aquilo que acreditamos ser o melhor para nós, de fato é: pois isso é apenas uma fantasia (ou imaginação), baseada em aprendizagens anteriores e projetada no futuro, somada ao que temos como desejo. Devemos nos orientar pela nossa percepção, mas nunca achar que esse é o único modo de chegar ao nosso destino.

Abrir mão do controle é um desafio em um tempo em que somos exigidos a sermos cada vez melhores, cada vez mais rentáveis e produtivos, cada vez mais “felizes” (como se a felicidade fosse um estado permanente, que devemos alcançar e nela permanecer) e cada vez mais consumidores de vida (entendida aqui como modos de ser compartilhados pela cultura e sociedade em que vivemos, incentivados pela mídia e propagados pelos nossos pares, muitas vezes desligados dos nossos reais desejos e necessidades).

Mas abrir mão do controle não é abrir mão do desejo ou não possuir um horizonte de futuro. É simplesmente fluir com a vida, é se orientar pela experiência, é desapegar das consequências, é permitir que a vida (com suas curvas e desvios) nos revele o caminho.

Abrir mão do controle é saber o destino, mas permitir que os acontecimentos nos revelem as estradas que devemos pegar. É deixar a vida nos levar, sem que isso signifique descompromisso ou falta de responsabilidade com ela. É poder ESTAR mais presente e despreocupado com a permanência: pois cada momento só pode ser vivido no instante em que ele acontece e nisso reside sua beleza ou dureza. É impossível segurar as horas, apagar os acontecimentos ou replicar os momentos. O que resta dos momentos vividos são as sensações, impossível prolongá-las ou diluí-las. Mas isso que fica é o que de mais importante podemos ter, pois essas sensações são nosso norte nos dias escuros, a bússola interna que melhor nos orienta. O mais confiável método de orientação e localização.

Reconheço que nem todos conseguem seguir assim... Confiando na sua orientação interna.  Mas, depois de termos pegado muitas ruas sem saída, muitos desvios esburacados, muitas turbulências na estrada da vida, podemos chegar nessa simples constatação: se estivermos conectados com nós mesmos e nos permitirmos fluir com a vida, a estrada vai se abrindo à nossa frente.

Agora que temos a bússola, sabemos o destino e olhamos o mapa, podemos abandonar o roteiro. Quem sabe nos cruzemos nessas estradas novamente, ou não. Não importa, pois meu  desejo é que possamos fazer uma bela viagem e que a caminhada possa ser muito bem aproveitada.

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